segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Odé e Otin

Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.

Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.

Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.

Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde, na umbanda e recebendo a cor azul clara no candomblé de ketu, verde escuro para alguns angolanos e azul escuro com branco para o povo nagô. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes (Umbanda).

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".

Segue a lenda;
A cada ano, após a colheita, o rei de Ijexá saudava a abundância de alimentos com uma festa, oferecendo à população inhame, milho e coco.
O rei comemorava com sua família e seus súditos; só as feiticeiras não eram convidadas. Furiosas com a desconsideração enviaram à festa um pássaro gigante que pousou no teto do palácio, encobrindo-o e impedindo que a cerimônia fosse realizada. O rei mandou chamar os melhores caçadores da cidade. O primeiro tinha vinte flechas. Ele lançou todas elas, mas nenhuma acertou o grande pássaro. Então o rei aborreceu-se, mas mandou-o embora. Um segundo caçador se apresentou, este com quarenta flechas; o fato repetiu-se novamente e o rei mandou prende-lo. Bem próximo dali vivia Oxósse, um jovem que costumava caçar à noite, antes do sol nascer; ele usava apenas uma flecha vermelha.
O rei mandou chamá-lo para dar fim ao pássaro. Sabendo da punição imposta aos outros caçadores, a mão de Oxósse, temendo pela vida do filho, consultou um babalaô e os obis mostraram que, se fosse feita uma oferenda para as feiticeiras, ele teria sucesso. A oferenda consistia em sacrificar uma galinha. Nesse exato momento, Oxósse deveria atirar sua única flecha. E assim o fez, acertando o pássaro bem no peito. O rei, agradecido pelo feito, deu ao caçador metade de sua riqueza e a cidade de Keto, “terra dos panos vermelhos”, onde Oxósse governou até a sua morte, tornando-se depois um Orixá.



Odé e Otin
No Nagô, estes dois Orixás são cultuados juntos. São os protetores das matas e dos animais silvestres e selvagens. Os filhos de Otim são quase inexistentes, pois na Mitologia, Otim não teve filhos na terra, dando assim as cabeças dos filhos para Odé. Com o passar dos tempos já se nota a existência de filhos de Otim, caso raro e absurdo para muitos Pais-de-Santo. Não se sacrifica para um sem dar para o outro, os animais são os mesmos, mudando apenas o sexo.
Otin, usa capanga e lança. Sempre representada com o jarro de água na cabeça pois alem de ser guerreira também cuida das plantações.

Saudação: Okebambo
Dia da Semana: Sexta-feira, pois é o dia da Iemanjá, que é mãe de Odé
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Azul marinho e branco para Odé e Azul marinho e rosa para Otim
Guia: 01 conta azul, 01 conta branca, 01 conta azul para Odé
01 conta rosa, 01 conta azul, 01 conta rosa para Otim
Oferenda: Odé - Costela de Porco e feijão miúdo, Otim - Chuleta de Porco e feijão miúdo
Sete folhas mais usadas para Oxóssi: Ewê odé, Akoko, Odé akoxu, Etítáré, Iteté, Igbá ajá, Bujê
Qualidades:
Odé wawa = Vem da origem dos Òriṣás caçadores. (azulão com branco)
Odé Walè = É velho e usa contas azuis escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. (azulão com branco)
Odé Oseewe ou Ygbo = É o senhor da floresta, ligado as folhas e a òṣónyín, com quem vive nas matas. (azulão com branco)
Odé Inlé = o filho querido de oṣala e yemanjá, o caçador de elefantes. (azulão com branco)
Ode tókúeran = O caçador é quem mata a caça, diz-se da atuação do caçador. (azulão com branco)


Otin Malé = esposa de Odé (lilás com azul claro)
Otin Bolá = outra esposa de ode (lilás com azul claro)


Ferramentas: Arco e flecha, funda, bodoque, moedas e búzios
Ave: aves malhadas varias cores
Quatro pé: Casal de porco

Ode o m'óta! (Odé voce rende os inimigos)
Otìn bò rò Ode (Otin vem ajduar odé)

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